quarta-feira, 27 de abril de 2016

Poesia popular do concelho de Cuba - Antologia

A poesia popular enquanto reflexo da construção cultural, social e antropológica das gentes da região do Baixo Alentejo, tem sido uma vertente de investigação pouco abordada ao longo dos anos. No entanto, amiúde aparecem publicações de poetas populares que vão mostrando uma realidade cultural muito esquecida, mas com um papel importante na construção deste ser alentejo. Paralelamente, o poder local democrático trouxe o aumento de competência dos municípios e, sobretudo, veio destacar o seu papel na divulgação do património cultural imaterial, valorizando-o nas suas mais diversas valências. A poesia popular é uma dessas vertentes de construção e valorização do património cultural regional e há exemplos extraordinários dessa riqueza, diversidade e multiplicidade de abordagens. A doutora Armanda Salgado (CIDEHUS), colaboradora do Museu da Ruralidade, deixa-nos aqui uma proposta muito interessante, editada pelo município de Cuba em 1997. A não perder!


SILVA, Joaquim Palminha - Poetas da nossa terra: antologia dos poetas populares do concelho de Cuba. Cuba: Câmara Municipal, 1997.

Esta antologia inclui composições poéticas, parte das quais ditas de improviso e oralmente em diversas datas e ocasiões festivas, pelos poetas populares do concelho de Cuba. Para o processo de recolha, que culminou com a edição da antologia, contribuiu a colaboração das Juntas de Freguesia de Cuba, Vila Alva, Vila Ruiva e Faro do Alentejo e ainda da Santa Casa da Misericórdia de Cuba.
Trinta e oito poetas populares unidos pela poesia e por uma memória coletiva comum: injustiças sociais, usos e costumes, economia e apontamentos de ordem moral, que em tom jocoso ou em dom dorido dão a conhecer o Alentejo rural do século XX. Esta publicação apresenta-se, assim, como mais um valioso contributo para a construção da identidade e memória coletiva do Baixo Alentejo.

Assumindo ao nível estrutural a forma de décima ou de quadra, estas composições, comuns à poesia popular, impõem uma técnica rítmica, de redundâncias calculadas, de apelos à memória do leitor/ouvinte para que ele se reencontre e revisite personagens e sinais significativos distantes no tempo.

domingo, 3 de abril de 2016

Máquina de projectar oferecida ao Museu da Ruralidade

A oferta de espólio ao Museu da Ruralidade não é uma realidade de todos os dias. O valor do antigo ou do que cai em desuso (e valor no mais lato sentido, que não apenas no económico) está cada vez mais vivo nas pessoas. Fotografias, documentos, objectos, equipamentos, moveis, tudo é cada vez mais uma relíquia de família que cada um quer ter para mostrar. A valorização do património e sobretudo a sua dignificação, fenómeno a que vimos assistindo de forma muito positiva de há alguns anos a esta parte, considerando a sua importância para a construção do devir da comunidade, torna cada vez menos frequente que as pessoas ofereçam "as coisas velhas" que têm em casa. Alguns também não oferecem porque querem ver no imediato as coisas expostas, sem qualquer contextualização ou lógica. No entanto, nesta experiência do Museu da Ruralidade (de quase dez anos) temos tido uma "mecenas" incansável, cujo contributo tem enriquecido extraordinariamente este Museu. A Dona Maria Manuela Figueira. Nas suas viagens entre Castro Verde e Lisboa não são raras as vezes que oferece mais algum objecto ao Museu. Desta vez trouxe a terceira (!) máquina de projectar de 8m/m, o que nos transforma numa potencial reserva da história da multimédia. Em jeito de agradecimento aqui deixamos este registo, pelo exemplo, mas sobretudo pela forma abnegada como colabora connosco e como ajuda a construir este Museu.







Esta é uma Eumig P8, Phonomatic Novo. Austríaca. Comercializada entre 1963 e 1966. A máquina está acondicionada numa caixa (original) de couro castanho, forrada a veludo verde no interior. Como acessórios tem uma bobine, um cabo de alimentação eléctrico, uma escova de limpeza da máquina e um pincel (de origem alemã) para limpeza da lente. Faz parte deste conjunto o certificado de garantia da máquina. Uma pequena relíquia para um destes dias integrar uma nova exposição do Museu da Ruralidade. Nº Provisório de Inventário 2016/06 - 2/4/16.